terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Cada página, uma paixão...


"Agora que os seus dois filhos já estavam a ficar crescidos e a tornar-se quase independentes dela, Amparo sentia metade dos seus dias despidos, feitos de longas horas arrastadas na espera do regresso deles a casa vindos da escola, a meio da tarde. Ia fazer trinta anos em Setembro desse ano, 1937: estava ainda na idade em que o tempo se arrasta, em que aquilo que porventura se espera - às vezes sem se saber bem o quê - parece nunca mais chegar e nada passa subitamente, nada foge, nada se perde, nada é irrepetível. Só depois, como ela aprenderia, viria a fase em que o tempo desliza e, a seguir, a fase em que o tempo desaparece. Mas, por ora, ainda era a sua juventude que corria atrás de si e não o contrário."

in Rio das Flores

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