Domingo... dia de leitura. Adoro os domingos. Não quero saber se amanhã é segunda. Hoje é domingo e eu sei aproveitar bem os meus domingos sem pensamentos futuristas. Passo-os em família porque é em família que devem ser passados, para serem bem passados!
As crianças rodeiam-me. Filha, sobrinhos, marido, pais, irmãos, amores da minha vida...
O primo abraça a prima, que conta tantos anos quanto os dele, com tanta força que quase a sufoca de amor. A prima bebé come as primeiras papas enquanto é beijada e acariciada na testa pela prima. O primo pega ao colo a prima bebé e embala-a nos seus braços franzinos mas cheios de força, sem intenção de parar. Gestos de carinho e sem pretensão de qualquer retribuição. Domingos ternurentos estes passados em família!
Ter um bebé é algo inexplicável para qualquer pai que o tenha tido com sabedoria e vontade. O dia do nascimento é o primeiro de um amor que se tornará intemporal e asustadoramente gigante. O vínculo não é automático. Não foi para mim e nunca tive vergonha de o assumir. Pensei várias vezes se era assim amar um filho, assim como eu amava. Achava pouco, no sentido de ser menos do que o esperado.
Percebi que tal como com os outros amores da nossa vida, este é também um amor gradual, que vai crescendo e construindo aos poucos. Qual é o mal? O mito de que se ama incondicionalmente desde o período de gestação não passa disso mesmo.
É fácil perceber quais os factores anteriores e posteriores ao parto que influenciam a ligação mãe-filho: uma gravidez desejada, a comunicação com o bebé ainda na barriga, o tipo de parto e a intensidade da dor envolvida, a relação conjugal , as alterações hormonais...
É fácil perceber quais os factores anteriores e posteriores ao parto que influenciam a ligação mãe-filho: uma gravidez desejada, a comunicação com o bebé ainda na barriga, o tipo de parto e a intensidade da dor envolvida, a relação conjugal , as alterações hormonais...
Bárbara Figueiredo, investigadora da Universidade do Minho e especialista em estudos ligados às determinantes que influenciam o envolvimento emocional dos pais com os seus bebés determinou que os vínculos nunca são automáticos. Fiquei aliviada quando li. Não estava a ser insensível, picuinhas e diferente. A especialista concluiu através de várias investigações que determinados momentos, estímulos e experiências favorecem essa ligação. O momento do parto é um deles... mas para o pai! Segundo a especialista: "Muitas mães dizem que, quando viram pela primeira vez o bebé, foi um momento importante mas, ao perguntarmos quando é que de facto sentiram que tinham uma relação especial com ele, a maior parte não diz que foi nessa altura. Foi no entretanto".
Foi, de facto, no entretanto, na descoberta mútua, que o amor pela minha filha se tornou no que é hoje.
Recriar uma nova identidade, fazendo o luto da vida passada nem sempre é fácil. Redefinir valores e prioridades, manter constante a disponibilidade para cuidar de um ser que mal se conhece, vencer o sono e o cansaço são barreiras a ultrapassar que podem e devem ser minimizadas por quem nos rodeia.
Apenas posso afirmar que salvo raras exceções, cada dia, cada mês que passa é melhor que o anterior. À medida que vamos conhecendo o nosso bebé vamo-nos envolvendo emocionalmente com ele e passamos a amá-lo de uma forma que até parece mito!
Gostei...e concordo! Para mim o mito nasceu quando ela começou a esbracejar os braços na minha direcção dizendo meros "abuuuuu" e continuando, após algumas vírgulas, com o seu inconfundível "aaaaaaabbbbbbb"!! Agora o mito tornou-se vício e o vicío gerou aquilo que percebo que é amor de pai ;)
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