Na semana passada fui visitar a minha avó paterna. Está "velhinha" e nem sempre me reconhece. Tem os seus momentos... Desta última vez, levei comigo a Xuxu e quando a minha Mãe entrou no quarto onde já estávamos as três, foi marcante a presença de quatro gerações, ligadas por sangue no mesmo espaço físico.
A minha Mãe, já na meia-idade (como lhe costumam chamar), está cada vez mais bonita. As rugas no seu rosto estão mais acentuadas mas os meus olhos vêem-no com mais ternura.
Sempre que olho para Ela, lembro-me de ter lido uma vez que entre uma mãe e uma filha há muitos mundos... O da paixão, da amizade, da continuidade, da ilusão de que não há limites de compreensão, nem de amor, do conflito, da dependência...
Na minha adolescência, a minha mãe era nova. Bastante mais nova do que eu serei quando a minha filha passar por essa fase. Já eu estarei na meia-idade, nessa altura difícil em que terei que aceitar que a minha Xuxu não cabe mais na palma da minha mão! Nessa altura, a da meia-idade, certamente que já não criticarei a geração mais velha mas sim a geração mais nova. Um perfeito e indubitável indício da passagem dos anos.
Irei lembrar-me, espero, que, geralmente, quando uma filha se queixa da mãe é porque ela é boa mãe, é porque se preocupa. Eu queixava-me da minha. Agora sei que as queixas de uma filha em relação à mãe têm quase sempre uma função importantíssima: ajudar a filha a desprender-se da mãe. Fase difícil esta... mas foi esta fase que fez de mim o que sou hoje e o que serei para a minha Xuxu. Irei oferecer à minha filha o que herdei da minha Mãe e o que adquiri ao longo da vida. E, por todos os motivos, sei que será uma boa herança.
Quando percebi que estávamos ali, as quatro, pensei no tempo que falta para a minha mãe ocupar o "lugar" da minha avó, eu o da minha mãe e a minha filha o meu. E felizes seremos se o ciclo se mantiver. E que gerações futuras se encontrem, às quatro de cada vez, no mesmo quarto, inúmeras e inúmeras vezes.
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