terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Cada página, uma paixão...


"Agora que os seus dois filhos já estavam a ficar crescidos e a tornar-se quase independentes dela, Amparo sentia metade dos seus dias despidos, feitos de longas horas arrastadas na espera do regresso deles a casa vindos da escola, a meio da tarde. Ia fazer trinta anos em Setembro desse ano, 1937: estava ainda na idade em que o tempo se arrasta, em que aquilo que porventura se espera - às vezes sem se saber bem o quê - parece nunca mais chegar e nada passa subitamente, nada foge, nada se perde, nada é irrepetível. Só depois, como ela aprenderia, viria a fase em que o tempo desliza e, a seguir, a fase em que o tempo desaparece. Mas, por ora, ainda era a sua juventude que corria atrás de si e não o contrário."

in Rio das Flores

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O amor


"Quero dizer, mãe, que para mim as coisas são simples: gosto ou não gosto, amo ou não amo. Se amo uma mulher, amo-a mesmo. Não tenho dúvidas, nem contradições, nem estados de espírito, nem outra vida para viver onde ela não caiba. Para mim, que pouco percebo do assunto  o amor é sobretudo a ausência de perguntas, de dúvidas, de incertezas. É paz, segurança, eternidade. O meu pai nunca teve dúvidas se a amava ou não. Amou-a sempre, à maneira dele, que era a única que sabia. Amou-a uma vez, amou-a para sempre. Podia pôr tudo em causa, mas isso a mãe sabe que ele nunca pôs."

in Rio das Flores de Miguel Sousa Tavares


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O receio de deixar de ser a mais importante


Deve ser o receio, o medo de deixar de ser a pessoa mais importante na vida de um filho que leva uma mãe a proibir, a dificultar, a transtornar a vida do pai, recente ex-marido.
Ceder o controlo sobre os filhos a alguém que os ama como nós os amamos não devia ser um gesto tão difícil, tão angustiante.
As mães devem deixar os pais serem pais desde o início e para sempre. Até porque os pais de hoje são os melhores pais de sempre. Não carregam os filhos no ventre nem lhes dão de mamar, mas mudam as fraldas, dão o biberão e embalam horas a fio embebidos no cheiro dos seus recém-nascidos.
Ao contrário dos pais de antigamente que apenas ganhavam para sustentar a família, eles também o fazem e depois disso, ao fim do dia, mesmo cansados, entram na escola dos filhos, questionam e invadem o seu dia, estudam com eles e dão-lhes banho. Ajudam nas tarefas diárias da esposa, ajudam nas tarefas diárias dos filhos e ajudam-se a si próprios a serem mais felizes.
Ao contrário dos pais de antigamente que não compravam roupa para os filhos e nem sequer os vestiam, que não os acompanhavam nas idas ao pediatra, os pais de hoje entram sozinhos nos consultórios de mochila às costas, fazem perguntas pertinentes sobre o crescimento das crianças e surpreendem todos os que julgavam que essa era uma das muitas tarefas que cabiam apenas às mães. Todos ganham com isso. Ganha o pai, ganha o filho, ganha a mãe e ganham as avós que não são tão solicitadas todas as semanas, não tendo forma de negar nunca um pedido de ajuda, mesmo que "não dê muito jeito".Mesmo que tenham que se ausentar do país, as mães confiam na capacidade dos pais e já não pedem à mãe ou à sogra que se mude lá para casa porque "ele não é capaz".
Porque são melhores pais e mais presentes e porque, finalmente, perceberam porque é que, nós mães, gostamos tanto de ser mães, eles desdobram-se e dedicam-se merecendo, por isso, mesmo aquando do fim da relação, uma oportunidade de continuarem a ser tudo o que sempre foram.
Esse receio, esse medo de algumas mães de deixarem de ser insubstituíveis nem devia existir porque a verdade é que, na maioria dos casos, mãe e pai, são ambos insubstituíveis.
E uma mãe que tem a certeza que não há nada nem ninguém que a substitua no seu papel de pessoa mais importante na vida de um filho, é a melhor mãe do mundo porque tem a certeza de que é a melhor mãe do mundo. Tem a certeza de que o seu amor pelo filho é tão gigante que não há nada mais gigante do que isso. E só por isso, só porque têm certezas, o receio e o medo não ocupam os seus corações e elas serão donas dos corações dos seus filhos, para sempre. De uma forma muito gigante!


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

As crianças devem escrever cartas ao Pai Natal





O Natal é uma época mágica para crianças e até para adultos. Os pais devem, a meu ver, incentivar os mais pequenos a escreverem cartas ao Pai Natal. Além de desenvolverem o prazer da escrita, o gesto estimula a imaginação e permite que os pais conheçam um pouco melhor os seus filhos. 
A escrita da carta ao Pai Natal pode ainda ser um excelente momento para, em conjunto, pais e filhos falarem sobre as dificuldades financeiras da família e os mais pequenos serem sensibilizados para o facto de os presentes não serem o mais importante da época natalícia. Pode ser também o momento ideal para os pais contarem alguns episódios do seu Natal enquanto criança. 
A escrita da carta ao Pai Natal pode ser um momento de partilha de experiências, de muito divertimento e, acima de tudo, de muita magia!!! 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Um amuo é uma birra para dentro. Enquanto uma pequena palmada arde uns minutos, um amuo amachuca pela vida fora."


A diferença entre as pessoas corajosas e os medricas é que as primeiras reconhecem os medos e os segundos são, unicamente, destemidos na forma como os iludem. Por outras palavras: todos temos medo. E isso é bom. (..)
Os medos são companheiros mais ou menos frequentes das crianças. Aumentam ou decaem consoante a maneira como os pais não os entendem ou os abrigam. Se os pais os acolhem e, de forma firme, persuadem os filhos a enfrentarem-nos, o semáforo amarelo apaga-se aos poucos. Se os ignoram, tornam-nos um pouco mais alaranjados. Se os almofadam por todos os lados, dão-lhe gás e eles ficam avermelhados. Mas veja-se como se sossega um medo, como exemplo. O medo das trovoadas é natural como a sede. Diante dele, todas as crianças se esgueiram, no meio dos relâmpagos, para a cama dos pais. Ao verem-nos, com o seu sussurrante ressonar, competindo com o ribombeio dos trovões, aninham-se entre eles e adormecem. Se tivesse legendas, uma cena como essa quereria dizer:
- Se os trovões me fizessem mal os meus pais não iriam, logo agora, adormecer em serviço…
Se o medo é como os pontos cardiais, quando são os pais que o promovem tudo se complica um pouco mais. Será razoável que as crianças tenham algum medo dos pais? É. Sobretudo, quando percebem que transgrediram as regras que eles definem. O que as assustará mais: a zanga dos pais ou a sua interminável condescendência? A condescendência que nunca se esgota. E porquê? Porque aquilo que os pais entendem como qualquer coisa de mal, no comportamento dos filhos, os magoa quando isso os assusta ou os aflige. É natural, portanto, que – ao sentirem-se magoados – os pais recorram a alguma dor para dissuadirem as crianças de irem por diante com os seus dislates de força de elite. Como um simples “não” nunca parece chegar, os pais reforçam-no um pouco mais: uma palmada ou um castigo será uma forma de enriquecerem, com um pouco mais de medo o medo que as crianças precisam de ter para estarem mais protegidas de alguns perigos potenciais. Quero dizer: há um “quanto baste” no medo que protege as crianças. Medos de menos estragam-nas. Medos demais fazem-lhes mal.
Devem os pais explicar cada “não”? Estão proibidos! Porquê? Porque exercer a autoridade num clima de “desculpa qualquer coisinha”torna os pais medricas de serem pais e transforma uma família numa… ditadura do proletariado. A melhor das explicações são os bons exemplos dos seus actos de todos os dias. As explicações devem ser a excepção. Jamais a regra.
Devem os pais castigar? Estão proibidos de fazer do castigo uma constante na vida das crianças. Ele será a excepção! Como somos animais de sangue quente (e latinos) sempre que fazemos de conta que ignoramos uma tropelia, a nossa ira acumula créditos que, a pretexto dum episódio irrelevante, faz com que os castigos mais pareçam os lenços que o Luis de Matos descobre numa cartola: “E depois ficas sem a sobremesa, a play station e o computador. E não vais à festa de sábado…” E, passadas algumas horas, tamanha recessão é revista em baixa as vezes que forem necessárias até que tudo volte à “casa da partida”. Quando nem os pais levam a sério um castigo é porque ele não é de fiar…
Os pais estão autorizados a amuar? Estão proibidos. Um amuo é uma birra para dentro. Enquanto uma pequena palmada arde uns minutos, um amuo amachuca pela vida fora.
Depois de as avisarem duas vezes, os pais estão autorizados a “passarem-se” com os filhos. “Passarem-se” será: abrirem-lhes os olhos, darem-lhes um grito ou, excepcionalmente, uma palmada. Por outras palavras os pais deviam promover a “via verde” ou o vermelho vivo. Por isso, estão proibidos de educar em amarelo intermitente. Isto é: estão proibidos de se transformarem nos “chatos oficiais” lá de casa. A zanga na hora é a melhor amiga da autoridade. E a autoridade só se conquista pela sabedoria que se reconhece e com o sentido de justiça que se demonstra. A autoridade baliza o medo. O autoritarismo acarinha o pânico (que é uma forma de ter medo do que mete medo e de quem o protege, ao mesmo tempo). É por isso que o pior dos medos das crianças é o medo (sem quartel) dos pais. Quem são os pais mais amigos dos medos?
Os pais que mais assustam as crianças são aqueles que nunca se zangam. O que as assusta neles é a sua indiferença. Vemo-los, por exemplo, quando se deliciam num restaurante por entre os guinchos duma criança que fazem de Tarzan um indomável de trazer por casa.
Logo a seguir, vêm os pais que têm birras em que partem a loiça e, quando o não fazem, dizem aquilo que nem uma grosa de cacos consegue escaqueirar dentro de nós. A ira dos pais assusta que se farta. E não é de admirar que, por medo, diante dela, os filhos se tornem crianças exemplares.
Mais ou menos a par, vêm os pais que - ora irascíveis, ora pela depressividade que nunca se resolve - são hostis no tom com que lidam com as crianças. Junto deles, o Rezingão, da Branca de Neve, mais parece o Noddy. Os seus filhos, ou se atilam ou disparatam. Ora fazem de “panela de pressão” ora se transtornam por entre uma erupção furiosa. Quem dera que quem os educa nunca esquecesse que o controle é o melhor amigo dos impulsos…
Já os «pais-pirilampo», tão depressa acarinham como, de seguida, violentam. São inconstantes e imprevisíveis. E estonteantes das variações bruscas do humor a que os filhos, por mais que se tentem ajustar, parecem nunca se adequar. Seja o que for que os tenha feito assim, estes pais intimidam pela hostilidade que lhes foge no tom com que lhes falam. São ásperos e agrestes. E magoam. Aos poucos, vão-se tornando mais progenitores e menos pais. E de tão assustadores, fazem com que as crianças ganhem medo de tudo. A começar pelo medo da própria sombra.
Todos nós colocamos algum sofrimento na educação dos nossos filhos. Na verdade, essas breves frustrações funcionam como uma campanha de vacinação. Sempre que as crianças aprendem a conviver com alguns “nãos” aguçam o engenho de os contornarem. Por cada não, é natural que fiquem com uma raiva de estimação, em relação aos pais. Durará, quando muito, meia dúzia de minutos. E vem equipada, um ror de vezes, com um: “não gosto mais de ti”(que, em tradução simultânea, quer dizer: “se gostasses mesmo de mim far-me-ias todas as vontades!”). Será de esperar que, no calor da ira, se insurjam e, atabalhoados, lhes chamem: “estúpidos”? Obviamente que não. Ninguém deseja que uma criança seja um anjo na Terra. Só se espera que, dentro das regras dos pais, elas aprendam a ser insolentes com maneiras.
Se uma criança cresce dominada pelo medo, ora se torna exemplar, entre os adultos e na escola, ora faz da violência que distribui de forma gratuita uma forma de meter medo ao medo. Afinal, quem tem medo mete medo. E quanto maior o medo, mais ele se afronta, violentando.
Todas as crianças são inteligentes e são atentas. São, portanto, um “motor” topíssimo de gama. Sem a autoridade dos pais faltam –lhes os “piscas e a caixa de velocidades. Sem o amor deles o combustível. Sem nada disso, por cada medo que tenham refugiam-se nele e desafiam-no, ao mesmo tempo. E fogem por diante. Como se metessem medo ao medo. Como se quem tem medo, não tendo quem o acolha, comprasse (a torto e a direito) sempre mais um não."

de Eduardo Sá


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

"Rio das Flores"


"Faltava-lhe tudo isso e o resto, aqueles hábitos que fazem a vida a dois e a que só se dá importância tarde de mais (...). A vida ensinara-lhe que nenhum homem é perfeito, que perfeita é apenas a sua impudente imperfeição. Mas as raparigas de agora pareciam não o saber ou não o querer saber. Tal como ela via as coisas, Diogo fora um excelente filho, era um excelente pai e um excelente marido - sendo certo que homem  algum jamais seria o excelente marido com que todas as mulheres ousaram sonhar um dia. Não maltratava a mulher ou os filhos; era educado, delicado e cortês; não fazia dívidas, nem de jogo nem outras; não era frequentador de "espanholas" - ao contrário do que fora o seu pai e era o seu irmão (...).
Amava a casa, a terra e a família, mais do que a própria Amparo podia adivinhar.
Mas ela, Maria da Glória, entendia bem, não só como mãe mas também como mulher. Amparo dera-lhe a sua juventude, a misteriosa beleza morena dos descendentes dos mouros, transmitida de geração em geração ao longo dos séculos (...). E tinha também essa sensualidade cigana, de mulher de ancas estreitas e peito empinado em desafio permanente à luxúria dos olhares masculinos. Aos olhos de qualquer homem, ela era um troféu que muito poucos ousariam abandonar por meses de ausência em terras distantes e desígnios mal explicados. Sim, isso era verdade: o que restava da juventude exuberante de Amparo estava ali a consumir-se na espera de um homem ausente que deveria antes estar a bebê-la todos os dias."

in Rio das Flores de Miguel Sousa Tavares


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Respira

Respira.
Serás mãe para toda a vida.
Ensina as coisas importantes. As de verdade.
A saltar poças de água, a observar os bichinhos, a dar beijos de borboleta e abraços bem fortes.
Não te esqueças desses abraços e não os negues nunca. Pode ser que daqui a alguns anos, os abraços de que vais sentir falta, sejam aqueles que não deste.
Diz ao teu filho o quanto o amas, sempre que pensares nisso.
Deixa ele imaginar. Imagina com ele.
As paredes podem ser pintadas de novo, as coisas partem e são substituídas.
Os gritos de mãe doem para sempre.
Podes lavar os pratos mais tarde. Enquanto limpas, ele cresce.
Ele não precisa de tantos brinquedos. Trabalha menos e fica mais. Ama mais.
E, acima de tudo, respira. Serás mãe para toda a vida. Ele será criança só uma vez.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Um "baby-grow" que põe os bebés a limpar o chão


Era mesmo o que faltava no mercado. Quem disse que tudo estava inventado engana-se. Mas também, acreditem que todos os pais e mães que viram os seus filhos gatinhar disseram: "Um dia ponho-te um swiffer debaixo do corpo".
Pois é, já existe um.
Um empresa norte-americana acaba de lançar no mercado um "baby-grow" que permite aos bebés limpar e puxar o brilho ao chão, enquanto gatinham pela casa.
Os "baby-grows" estão dotados, nas mangas e nas pernas com o mesmo tipo de material utilizado nas esfregonas.
Os fatos custam cerca de 31,50 euros e são fabricados para bebés entre os 3 e os 12 meses. O que é pena porque, no meu caso, iria precisar de um entre os 12 e os 18 meses!
Meninos não escapam!!! Como isto das tarefas domésticas, hoje em dia, é para todos, os fatos existem nas cores azul, cor-de-rosa e branco.
Falta agora alguém inventar um fato destes para adultos. Ideias para quando chegamos de rastos a casa depois de uma noite bem passada com as amigas num bar.






quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Exemplos e sugestões para lidar com birras infantis


A propósito do texto de ontem, seguem alguns exemplos e sugestões para lidar com birras infantis:
  • Se insiste em vestir uma roupa inadequada: separe duas ou três roupas possíveis e deixe que a criança escolha dentro dessas hipóteses aceitáveis;
  • Se recusa tomar banho: faça do banho um momento divertido e tente perceber se há algo que a assuste, como a água ou o champô nos olhos ou na cara;
  • Se não deixa os pais conversarem com outras pessoas: pare um pouco a conversa e dê-lhe atenção ou deixe-a participar também;
  • Se não quer ir para a cama: leia-lhe uma história ou negoceie com ela uma hora para ir para a cama (não compensa entrar em conflito por dez minutos);
  • Se quer dormir na cama dos pais: nunca o deve permitir, fique um pouco com ela no quarto, leia-lhe uma história ou converse por alguns minutos;
  • Se não aceita um não: explique-lhe o porquê do não, mantenha-se tranquila e ignore a birra, repetindo de vez em quando que já lhe explicou o porquê do “não”; o seu controlo ajudá-la-á a recuperar o dela;
  • Se diz palavrões: como a criança repete o que ouve, é importante ter cuidado na linguagem usada na sua presença; não se limite a repreender, explique porque é feio dizê-lo e que as palavras podem magoar tanto como uma palmada.
In "Pais e Filhos".

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Quando a graça se transforma em desgraça


"Tudo o que é pequenino tem graça". A expressão é usada regularmente quando alguém se refere às crianças pequenas, mesmo quando em causa estão birras, desobediências ou asneiras.
Mas basta o pequeno deixar de ser "pequenino" e a graça rapidamente se transforma em desgraça.
Quando as crianças começam a ter vontade própria, quando começam a explorar o mundo que as rodeia e a querer vingar nesse seu pequeno mundo, as birras começam a surgir porque, até então, os tais pequeninos que eram tão engraçados viviam sem regras.
E quando a graça desaparece sem pedir licença, levada pela idade, os mais pequenos não entendem porque é que os grandes dediciram, de repente e sem explicação, deixar de sorrir.
No livro que serve de Bíblia, lá em casa, o pediatra Berry Brazelton afirma que “para as crianças crescerem bem, precisam apenas de amor e limites”. O amor, diz ele, serve para crescer com confiança e auto-estima. Os limites servem para a criança aprender a se autocontrolar. E estes últimos são tão importantes para que todos possamos viver em sociedade, desde pequeninos!
Uma criança com regras será um adulto equilibrado, consciente. E um adulto nunca deve ceder quando implementa um castigo pelo não cumprimento da regra. A ideia de que "tanto faz ter cumprido ou não a regra" nunca pode passar na cabeça de uma criança.



Mas a implementação de regras não é um bicho de sete cabeças. Pode até ser divertida. A flexibilidade, por vezes, aumenta o respeito que a criança tem pelo adulto e pela própria regra em si. Dentro do cumprimento de um regra, pode haver liberdade de escolha, por exemplo. Arrumar os brinquedos, lavar os dentes e vestir o pijama são três ações que não carecem de prioridade. Como tal, é possível dar à criança a possibilidade de escolher a sequência com que irão ser desempenhadas.

Há estudos que comprovam que as crianças correspondem muito bem a regras, desde que sejam simples e poucas. Ou seja, não se deve implementar várias regras de uma só vez. Deve-se conversar calmamente com a criança durante a implementação da regra. Quando a mesma não foi cumprida, deve-se perguntar porque não fez o que foi pedido. No caso de ter tido dificuldade, deve-se ajudar a terminar a tarefa, realçando que, para a próxima, ela conseguirá executá-la sozinha.

E, acima de tudo, um adulto nunca se pode esquecer de realçar o bom comportamento. De elogiar, de mimar, de dar atenção quando tudo é feito corretamente. O foco não deve estar no mau comportamento mas no bom. E mimar uma criança não é apenas bom para quem recebe o mimo mas também para quem o dá. Mimos com disciplina, educação e amor são ótimos para filhos e para pais.



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Quando uma voz é uma autêntica banda sonora nos meus ouvidos...

"Mães e filhas têm uma relação única, um amor único e um tipo de (des)entendimento que dificilmente se repete nalguma outra relação."


Escrito por Sofia Barrocas, o texto que se segue é interessante para quem tem filhas mas também para quem não tem...


"Não é natural a exposição de mães e filhas adolescentes pelas capas de revistas de social a garantirem que “somos as melhores amigas uma da outra”, “contamos tudo uma à outra”, “somos muito cúmplices”. Mães e filhas têm uma relação única, um amor único e um tipo de (des)entendimento que dificilmente se repete nalguma outra relação. Mas algo não está a funcionar quando a melhor amiga da mãe é a filha e a melhor amiga da filha é a mãe. A começar pela diferença de idades – e logo, de interesses – e a acabar no respeito e numa certa saudável distância que pais e fi lhos devem sabem manter. Ou alguém se imagina a sair à noite com a sua filha de 16 anos, a tomar “um copito” a mais na sua companhia, a entrar em inconfidências e a desfiar (ou ouvir!) pormenores sobre a sua vida íntima? Ou a alinhar com a filha e as amigas nas suas aventuras para ludibriarem seguranças de bares e discotecas, a participar nos planos que lhes permitam entrar sem pagar e a desatar aos gritinhos histéricos de cada vez que se dá de caras com alguma cara conhecida da televisão ou da música? Para já não falar de todas as vezes que seria preciso pactuar com atitudes que compete aos pais condenar, como copiar nos testes, elaborar complicadas “cábulas”, ou enganar os professores entregando-lhes telemóveis fora de uso para que os “verdadeiros” não sejam confiscados durante as aulas... Faz parte de um crescimento saudável as filhas quererem parecer-se com as mães – poucas são as meninas que durante a infância não apareceram na sala com os sapatos de salto alto ou com as pulseiras e colares da mãe, ou que não desejaram ardentemente um vestido, um chapéu, uns óculos escuros ou um fato-de-banho igual ao das progenitoras. Para não falar das vezes em que quiseram fazer bolos como a mãe, maquilhar a cara com as pinturas da mãe e copiaram maneiras de falar, de rir e até de atirar o cabelo para trás. O que já não é tão saudável é as mães, numa altura em que as filhas começam a esforçar-se por serem diferentes, tentarem parecer-se com as filhas, seja vestindo-se ao mesmo estilo, usando o mesmo tipo de expressões típicas dos adolescentes, ou tentando parecer “cools” e modernas frequentando os sítios onde as filhas vão. Dificilmente mães e fi lhas poderão funcionar como “melhores amigas”. E muito menos “contar tudo uma à outra”. Porque ambas têm direito à sua esfera de privacidade numa relação que tem tanto de maravilhosa como de complexa. E porque os papéis de ambas nesta relação são diferentes e muitas vezes antagónicos. Os pais – e neste caso, as mães – têm obrigação de não deixar que os papéis se confundam. Misturar fronteiras que devem estar bem delimitadas pode criar estranhos e desconfortáveis problemas – além de uma enorme insegurança quanto ao papel que cada uma deve desempenhar."

Sofia Barrocas

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Os avós têm vida própria

"De cada vez que me sento no chão para brincar com as minhas netas, e sinto uma guinada violenta nas costas, tenho a certeza de que se é verdade que os avós não estragam os netos, não há dúvida nenhuma de que os netos estragam os avós! Que o diga a coluna vertebral de todos aqueles que passados os cinquenta anos, tentam fazer as acrobacias de que eram capazes quando eram pais, tais como pendurar a criança numa das ancas, saltar com ela ao colo por cima de um muro mais alto, tirá-la do parque de uma assentada, ou segurá-la no topo de um escorrega.
O que vale é que as façanhas deles (a Carmo e a Madalena já andam, e falam pelos cotovelos como a avó!!!) nos ajudam a esquecer que o tempo passa da mesma forma para todos, e que enquanto eles crescem e se tornam a cada dia mais capazes, nós perdemos uma habilidade qualquer, senão mental, pelo menos motora, numa lista de achaques que aumenta vertiginosamente. Calma, não estou a fazer o epitáfio dos avós, mas apenas a constatar aquilo que por vezes tentamos escamotear, na ânsia de ajudarmos os nossos filhos, e de fazermos as suas vezes: ficamos de língua de fora com mais facilidade, é um facto.
Tomar consciência das nossas limitações, com a sabedoria que supostamente a idade nos deu, só pode contribuir para encontrar a melhor maneira de sermos avós. E a conversa provavelmente ficaria por aqui, se não tivesse constatado, desde que pertenço ao clube e estou mais atenta, que há avós que aceitam uma sobrecarga de netos, que não faz qualquer sentido, e os deixa exaustos, envelhecidos, privados de vida própria. Substitutos de creches ou jardins de infância, constantemente albergue de sextas, sábados e domingos, não são capazes de colocar limites ao uso que os seus filhos lhes dão. Filhos convencidos de que a vida dos pais é deles para administrar como lhes apetece: afinal o que podiam ter de mais importante para fazer?
Não é fácil lidar com a culpa que nos provoca, mesmo depois de um dia longo de trabalho, estarmos no sofá a ver a telenovela, enquanto umas ruas abaixo a nossa filha/filho dá banhos e faz jantares, e não há de certeza avó nenhuma que acorde a meio da noite e, imaginando a filha sem dormir, sinta vontade de se precipitar para casa dela, e oferecer-se para ficar com os bebés. Mas se tivermos a sorte de ter filhos bem educados, serão eles os primeiros a dizer-nos que já fizemos a nossa quota parte, e que ganhámos o direito a noites bem dormidas, a fins–de-semana românticos e sossegados, aos nossos próprios hobbies, amigos, projetos, etc e etc. A culpa que resta, e resta sempre!, vai sendo sensatamente negociada connosco próprios, apaziguada por noites em que de coração aberto, e com total disponibilidade, ficamos com os nossos netos, para que os nossos filhos se vão divertir, ou de mil e uma maneiras que inventamos para tornar a vida da nova família um bocadinho mais fácil.  Mesmo com guinadas nas costas..."     Isabel Stilwell

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ser Pai = "uma oportunidade que a vida dá a alguns para se tornarem melhores pessoas: mais hábeis, mais felizes e, sobretudo, mais completas"

O que os homens de hoje escrevem sabe bem às mulheres ler  :)
Olhem o que escreveu o jornalista Enrique Pinto-Coelho numa das suas crónicas:

"Eu até posso entender que haja homens que não mudam fraldas nem vestem os filhos por preguiça ou por sexismo – entendo mas não defendo, atenção – mas custa-me compreender que haja pais que não tenham feito algo tão simples, doce e gratificante como dar um biberão. Como se pode ser tão insensível? E como se pode ter um filho sem nunca participar nas tarefas básicas?
Pessoa escreveu que «grande é a poesia, a bondade e as danças... mas o melhor do mundo são as crianças». Além da falta de sensibilidade, há o problema, provavelmente mais grave, da falta de utilidade. Um pai que nunca pôs creme num rabo assado, nunca sentiu a respiração ansiosa de um bebé a sugar leite, nunca deu banho, secou ou vestiu o pijama ao filho ou à filha, não só prejudica a família. Mesmo que não o saiba, a maior vítima é ele próprio, porque estará a desperdiçar o privilégio, cada vez mais raro, de aprender a ser pai – uma oportunidade que a vida dá a alguns para se tornarem melhores pessoas: mais hábeis, mais felizes e, sobretudo, mais completas."

sábado, 8 de setembro de 2012

O melhor remédio

 
Será que alguém acredita que os empresários vão começar a contratar desempregados porque o Estado lhes vai aliviar a carga fiscal? Sócrates foi péssimo mas o Coelhinho não tem vergonha!
 
A partir de hoje, e segundo prescrição médica, passo a viver cada momento como se fosse o último! Não há remédio melhor para a vida!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

That sounds like something you would do...

 
 
Khaleesi: Maybe I am dead and I just don’t know it yet. Maybe I am with you in the Night Lands.
Khal Drogo: Or maybe I refused to enter the Night Lands without you. Maybe I told the Great Stallion to go fuck himself and came back here to wait for you.
Khaleesi: That sounds like something you would do.
Khal Drogo: Or maybe it is a dream. Your dream, my dream… I do not know. These are questions for wise men with skinny arms. You are the moon of my life. That is all I know… and all I need to know. And if this is a dream… I will kill the man who tries to wake me.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

De outra forma, não fazia sentido

sexta-feira, 13 de julho de 2012

"Eu sei que, dito desta forma, não é bonito... Mas parece-me que muitos pais se dão eles-mesmos aos seus filhos muito mais como exemplo de vaidade do que como objeto de orgulho."


Gosto tanto, mas tanto de ler as crónicas de Eduardo Sá. Presenteio-vos aqui com mais uma:

"Num estudo universitário que orientei fomos à procura do que são as prioridades dos adolescentes portugueses de hoje. E (surpresa!...) eles consideram como aspetos fundamentais para a sua vida: a família, os amigos, as relações amorosas... e o futuro. Como se vê, nada disto parecem ser valores fora de moda. E, muito menos, indícios de risco.
Notícias recentes afirmaram, com alguma exuberância, que os adolescentes portugueses trocariam 100 mensagens escritas por dia. Temos, portanto, 3000 mensagens por mês ou, se preferir, 36000 por ano. Atendendo a que, sempre que podem, eles dormem 12 horas, isso leva a concluir que, no tempo em que estão acordados, trocam mensagens entre si em cada 2 minutos. Se cada mensagem levar 4 segundos a ser digitada, os adolescentes gastarão 144 000 segundos por ano em mensagens: 2 400 minutos. Ou seja, 40 horas (quase dois dias) por cada ano a trocar mensagens. É claro que os pais e outros adultos (alguns, incompreensivelmente) que lhes permitem trocar mensagens ao jantar ou durante as aulas logo se apressaram a deitar as mãos à cabeça diante deste furor de comunicação. Mas, a mim, não sei o que me preocupa mais: se a exorbitância das mensagens escritas dos adolescentes se o exagero da «solidão assistida» dos seus pais.
Reconheço que há ainda um discurso muito invejoso acerca dos adolescentes. Fala-se, sobretudo, dos riscos da depressão na adolescência, dos riscos da sexualidade na adolescência, dos riscos do suicídio na adolescência, dos riscos da anorexia na adolescência, dos riscos da toxicodependência ou dos riscos da internet. Mas raramente da saúde na adolescência. De tal forma é assim que (num estudo universitário que orientei) fomos à procura daquilo que são as prioridades dos adolescentes portugueses de hoje. E (surpresa!...) eles consideram como aspetos fundamentais para a sua vida: a família, os amigos, as relações amorosas... e o futuro. Como se vê, nada disto parecem ser valores fora de moda. E, muito menos, indícios de risco. Mas, se é assim, o que tem feito com que os pais enviesem a adolescência dos filhos? Tenho muito medo de ser injusto mas...acho que o que estraga os pais é deixarem de escutar os filhos com o coração e quererem conhecê-los, unicamente, com a cabeça. Ora, como todos sabemos, isso faz com que os pais vivam alarmados com os slogans acerca da adolescência com que se deixam empanturrar, como se os filhos, mal chegam à adolescência, devessem deixar de crescer com o pais mas, ao contrário, crescer para os pais. E devessem (quem disse que os maus exemplos não se copiam?...) pôr a carreira à frente da família, dos amigos, dos amores e do futuro.
Ora, se a família é fundamental para um adolescente porque é que, para a família, a carreira que ele venha a abraçar parece ser mais importante do que ele próprio, no seu todo? No meu entendimento, há um conflito enorme em relação aquilo que os adolescentes querem para o seu futuro e o que a família pretende para eles. Isto é: os adolescentes utilizam a admiração como «motor de busca» para o seu crescimento (escolhendo, muitas vezes, em função dela, profissões idênticas às dos pais) e os pais querem-nos, em inúmeras circunstâncias, muito mais como objeto da sua vaidade - hoje! - que do seu orgulho... algures, num futuro mais ou menos próximo. (Não é por mal! Mas é, seguramente, por precipitação.) Quando é assim, os pais que não concretizaram os seus sonhos de adolescência esperam que os filhos os adotem e os perfilhem e remetem, contra a vontade de todos, os filhos para uma «terra de ninguém» onde os sonhos parecem estar sempre longe demais. Porquê? Porque os adolescentes, quando se sentem pressionados pelos sonhos dos pais, por melhores que sejam as suas performances, parecem nunca os conseguir concretizar, em tempo útil. Ficam repartidos entre a admiração que tinham pelos pais - e que se vai quebrando diante de toda a angústia que sentem neles - e o mimetismo com que, duma forma envaidecida, os tentam replicar mesmo que, com ele, surjam (de menos!) o trabalho, a humildade, a perseverança ou o jeito afoito que faz com que se guarde para amanhã aquilo que pode ser feito depois de amanhã.

Eu sei que, dito desta forma, não é bonito... Mas parece-me que muitos pais se dão eles-mesmos aos seus filhos muito mais como exemplo de vaidade do que como objeto de orgulho. Isto é: falam, invariavelmente, das suas façanhas (onde são, invariavelmente, os vencedores) enquanto que as suas perplexidades, os seus erros ou as bugigangas em que se transformam, por vezes, os seus mais sérios sentimentos parecem envolvidos por uma invariável opacidade. E, como se não chegasse, silenciam aos adolescentes as histórias dos avós que fariam com que cada adolescente (apesar do inglês ou da informática, que dominam) percebesse que, ao pé de tudo o que os avós já teriam vivido até à respetiva adolescência, lhes restaria, unicamente, um orgulho interminável por eles... e um imenso «banho de humildade».
Orgulho e humildade são, mal eles sabem, os melhores amigos do futuro.
Mas, ainda assim, como são os adolescentes, por dentro? É saudável que choquem, por vezes, com as opiniões dos pais? É fundamental! Porquê? Porque isso pressupõe que, em primeiro lugar, têm opiniões, (por mais que elas se pareçam irrefutáveis diante quase tudo, o que só é possível quando ainda não se viveu... quase nada). E que, por mais idealizadas que elas sejam, não hesitam em rivalizar, através delas, com os seus pais para crescerem com eles. Se há, aliás, aspetos que me preocupam é o modo como parece faltar, cada vez mais, conflito de gerações ao crescimento dos adolescentes. Usando a ironia, seria motivo para dizermos: «conflitos de gerações, procuram-se!». Porque duas gerações que não assumem conflitos (em nome da família, em função da política ou de quaisquer outros valores) são gerações que parecem não querer (ou não poder) trazer-se uma para a outra, matizando conhecimentos e criando sabedoria. Às vezes, a nossa geração e a dos nossos filhos parecem evitar-se uma à outra, ao mesmo tempo que se desqualificam mutuamente em surdina. E isso é mau. Porque ambas parecem estar barricadas na sua vaidade e abrir-se muito pouco à identificação e ao orgulho (que só ela é capaz de trazer).

É bom que os adolescentes corram riscos? Sim! Mesmo que pareçam, invariavelmente, destemidos? Claro... O medo degusta-se com a experiência. Ficarmos mais velhos torna-nos mais aptos para compreendermos o medo. O que é elogiável para os pais: se os adolescentes são audazes não será tanto por não terem medos mas por se sentirem quase sempre protegidos diante deles! Ainda assim, a consciência dos medos é tão nítida para os adolescentes que isso os leva a sentirem-se unicamente protegidos pela noite (acompanhada pela presença protetora dos amigos), por mais que, mesmo nessas ocasiões, eles evitem falar de si: daquilo que os remexe por dentro, de tudo o que os deixa perplexos e daquilo que os faz sentirem-se pequenos e frágeis.

Ainda assim, é saudável que corram riscos? É incontornável. E faz bem!
Por mais que os riscos sejam muito mais calculados do que parece. Isto é, havendo pais a fazerem de pais, os riscos nunca representam um abismo, porque os bons exemplos fazem, como mais nada, discernir o bem do mal e o sensato do inconsequente. Por isso mesmo, pais que protegem de mais são maus pais. De tanto proteger expõem os filhos ao maior de todos os riscos: a ilusão de presumir que imaginar será viver.

Mesmo que os riscos se relacionem com a sexualidade? Nim!...
Isto é, sim, não há como não a experimentarem. E não, engana-se quem imagina que a sexualidade dos adolescentes é, regra geral, uma experiência gratificante e feliz. Pelo contrário! Seja qual o género em que se conjugue, a sexualidade na adolescência é atropelada por medos, por desempenhos ideais (que nunca se confirmam) e por um egoísmo (próprio de quem a vive assustado) que mais depressa a torna numa «masturbação assistida» do que numa experiência de amor. Mesmo assim, é bom que os adolescentes separem a pessoa que desejam, daquela com quem namoram e essas duas duma outra (a sua confidente) por quem têm amizade especial? Sim.
Porquê?
Porque estão a aprender a conhecer o desejo, o amor e a lealdade em relações diferentes, tentando não as baralhar nem as confundir. Mais tarde, esses formatos de relação serão «tudo em um». E, só então, eles estão preparados para amar.

Devem, por fim, os pais demitir-se de ser pais e, seja em relação ao que for, assumir-se como os melhores amigos dos seus filhos?
Nunca.
Pai e mãe são demasiado sagrados para serem desbaratados pela insensatez.
E devem seguir à risca muito mais os conselhos dos técnicos de saúde do que escutar os adolescentes com o coração? Nunca!
Por mais que a adolescência termine aos 30 e por mais que se sintam, diante do «’tá-se bem!» (que se terá tornado numa bandeira da adolescência) atropelados pelo receio dos riscos e pelos seus próprios sonhos (que adiaram) os pais, mal os filhos entrem na adolescência, parecem viver num interminável... «‘tá-se mal!». Ora, se for assim, a adolescência nunca é, como tem de ser, o primeiro grande balanço de vida que faz com que os pais, entre si, e em relação aos filhos, é claro, jamais deixem de crescer."

Escrito por Eduardo Sá Quinta, 12 Julho 2012 |

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Senhor primeiro-ministro: temos cara de palhaços? " de Tiago Mesquita


O texto de Tiago Mesquita intitulado "Senhor primeiro-ministro: temos cara de palhaços?" que se pode ler no blogue do Expresso "100 Reféns" é deveras interessante. Fiquei a pensar se não é menos perigoso um cego conduzir um automóvel do que o nosso primeiro-ministro governar este país, já que anda de olhos fechados!

Apresento aqui o texto na íntegra:
Tiago Mesquita (www.expresso.pt)
8:00 Quinta feira, 12 de julho de 2012

"Sem ofensa para os palhaços profissionais, que muito respeito, mas foi o que me ocorreu após ter ouvido o primeiro-ministro no debate do Estado da Nação. Até um "eu não vejo nenhuma razão para que os portugueses se sintam assustados" lhe saiu. Perdão? Falo por mim, mas quando o ouço falar desta forma ponho o nariz vermelho e pego logo na corneta. E se estava assustado, pior fiquei depois da demonstração de optimismo delirante a que assisti.

Em que mundo, ou melhor, em que país vive o senhor? Acha sinceramente que existe algum português vivo que ainda acredite nesse fadinho corrido do contentamento de quem está no poder desligado do país real? Os portugueses têm todos uma licenciatura em "igualzinho-ao-anterior-e-igual-ao-próximo" e doutoramento feito com muito bom, louvor e distinção na defesa da tese PSD + PP = PS = estamos lixados outra vez. Tudo feito presencialmente. Apesar de ter a certeza que algumas Universidades dariam com relativa facilidade equivalência a tudo isto só pela experiência demonstrada como cobaias bem comportadas às mãos de V. Exa´s.
Um milhão de desempregados depois, o país na miséria e os portugueses em dificuldades extremas. Dezenas de milhares de pessoas a entregarem as suas casas aos bancos. Bancos que os portugueses pagam quando estão prestes a ir ao charco ou com "falta de ar". Nacionalizações disparatadas e financiamentos escandalosos. Milhares de jovens sem futuro e obrigados a fugir do país. Corrupção a rodos. Os banqueiros a brincar aos governos. A Troika a ganhar dinheiro. Milhares de professores contratados com guia de marcha para o desemprego. Temos uma ministra da justiça, ouvi dizer. O cerco ao SNS, aos médicos e restantes profissionais de saúde - entregando de bandeja o que é de todos ao sector privado. A promiscuidade que alastra em vez de estancar. Impostos grotescos com efeitos devastadores. Agricultores desesperados. As nomeações escandalosas e os boys colocados. O roubo dos subsídios aos funcionários públicos e o aproveitamento de uma decisão do TC para possivelmente estender o corte aos privados, "cuspindo" na Constituição que nos deveria proteger. Posto isto, vê V. Exa algum motivo para preocupação, algo que deva assustar os portugueses? Não? Nada? Nem o défice a escorregar que nem um maluco?
Onde estão as políticas de emprego? Quando é que V. Exa se digna a olhar para as parcerias público-privadas, esse cancro que mina o Estado e que nos vai levar à desgraça orçamental e provável falência. Quando é que põe ordem nas contas públicas da Madeira, esse sorvedouro insustentável, calando de uma vez por todas aquela personagem insuportável que goza connosco, consigo e com o Presidente desta coisa a que chamam República sempre que abre a boca?

Dr. Passos Coelho: os portugueses têm todas as razões para estar assustados, ou não fosse o senhor o atual primeiro-ministro deste país."

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"...primeiro liga-se o corpo e aquilo que se sente e, só depois, o que se sabe com tudo o que se aprende. É por isso, certamente, que, ao contrário dos sabichões, os sábios nunca são enfadonhos".


Mais um texto maravilhoso de Eduardo Sá.


"A escola é uma sala de estar. Tem de aconchegar! Um professor de verdade educa antes de ensinar e é por isso que muitos professores são, muitas vezes tios, mesmo não devendo, são um bocadinho pais.

1. Na verdade, nada é tão linear como parece. Nem as crianças são pequenas, nem os seus pais crescidos, como aparentam. Elas nem sempre crescem. E eles voltam, por dentro, muitas vezes, para trás. Com o tempo há quem se torne jovem. E quem, entre as oportunidades que tem para crescer, vacile e envelheça. Com o tempo, há quem se torne ingénuo e sábio, arrebatado, amável, terno ou buliçoso. E quem azede, adoçando a ira de euforia. Com o tempo há quem - de cada vez que muda queira começar do zero (como quem deixa de si quase tudo para trás). E há quem recrie tudo o que sabe, nunca partindo sem que leve aquilo que os outros teimam em deixar. Para quem envelhece nada é eterno. Para quem se recria tudo é para sempre. Quem envelhece morre todos os dias, um pouco mais. Quem se recria torna-se jovem, sempre que aprende.

2. Na verdade, nada é tão linear como parece. E é por isso que eu imagino que, um dia, a escola deixe as linhas direitas e se desarrume um bocadinho. E mais pareça uma praça muito grande, onde, a par de todas as matérias que as crianças tenham de aprender, haja um senhor, com bigodes retorcidos e rosetas afogueadas, tomando conta do sorriso, que as torne brincadoras. E lhes explique - devagarinho, se for preciso – que brincar é aprender. As crianças deviam ter recreios de compensação até que aprendessem a brincar. E ninguém as devia largar enquanto não abafassem berlindes, jogassem ao lenço ou à macaca, porque primeiro liga-se o corpo e aquilo que se sente e, só depois, o que se sabe com tudo o que se aprende. É por isso, certamente, que, ao contrário dos sabichões, os sábios nunca são enfadonhos. E um dia, para além da história que vem nos compêndios que cheiram bem, a D. Perpétua, que distribui graçolas com os jornais que vende, todos os dias, devia ensinar às crianças que, tão importante como a conjugação dos verbos e a gramática, a aritmética ou a matemática, é bom chorar no cinema, quando tem de ser. E só se aprende uma história, seja a de um rei ou a de um peixe com memória de grilo, por exemplo quando ela entra por nós sem nenhum «se faz favor!?...» e fica, em parte incerta, cavaqueando baixinho. E que o senhor do talho, que empurra o mundo com o avental, avalie com todo o rigor se cada criança é capaz de rir até às lágrimas, antes de ousar pegar no lápis e escrever aquilo que se acotovela na imaginação. Na verdade, o riso é amigo do espanto. E quem não se espanta nunca aprende que um problema é sempre muito mais importante do que qualquer solução. Ah! E se houver um Doutor Valeroso, de óculos descaídos, que não ensine o português antes de as crianças aprenderem a ir ao último capítulo, logo depois de passarem pela casa da partida, será demais. Como é bom atropelar a imaginação sempre que se adivinha! Sem nunca, mesmo nunca, confundir sonho e devaneio!
A escola é uma sala de estar. Tem de aconchegar! E precisa de explicar, ao mesmo tempo, que compreender não é condescender. E que um professor de verdade educa antes de ensinar e é por isso que muitos professores são, muitas vezes, tios e, mesmo não devendo, são um bocadinho pais. A escola devia ser, também, um banco de jardim. E devia pôr, no lugar da unicidade, a pluralidade: diversos professores, muitos amigos, os pais num entra e sai, mais a D. Perpétua, o senhor das rosetas e o homem do talho que educam melhor, e põem mais longe no olhar. A escola devia ter um cantinho, para cada um. E um diretor de turma devia dar poucas aulas. Muito poucas. E devia telefonar, a perguntar pela constipação da Constança e devia fechar a escola, sempre que uma criança se zangasse com ela e a abandonasse. E sempre que uma criança reprovasse duas vezes, devia considerá-la em perigo. Não tanto a criança, mas a escola e a família (que parecem distraídas, uma com a outra, e não a conhecem).

3. A escola é uma praça, uma sala de estar e um banco de jardim. E, com o tempo, devia tornar ingénuos e sábios, arrebatados, amáveis, ternos ou buliçosos todos aqueles que vacilam e envelhecem. Para quem envelhece nada é eterno. Para quem aprende tudo é para sempre.
A escola devia ter um cantinho, para cada um. O diretor de turma devia fechar a escola, sempre que uma criança se zangasse com ela e a abandonasse."

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O amor deve ser cego





Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor.

Honoré de Balzac

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Toyota cria automóvel para ser conduzido por crianças




"Mamã, quero conduzir o teu carro". A frase não é estranha mas vai passar a ter uma resposta diferente de: "Ainda não tens idade para isso". A Toyota acabou de apresentar o Camatte Concept, um carro-conceito pensado para a família, mas projetado para ser conduzido pelos mais pequenos.

O Toyota “mini” tem espaço para três pessoas e todos os seus elementos fazem com que o veículo se assemelhe a um carro real. Tem pedais, bancos reguláveis, rádio e espelhos retrovisores. Além disso, o carro pode ser montado e desmontado, transformando-se nas versões Sora e Daichi.
O design interior do automóvel foi concebido para que a criança se sente no banco da frente do carro e, atrás nos dois bancos laterais, fiquem os pais, formando uma espécie de triângulo que facilita a comunicação e reforça a segurança.
O modelo já foi exibido no International Tokyo Toy Show 2012, o Salão do Brinquedo de Tóquio. No entanto, a sua comercialização não está ainda prevista. Vamos ver até quando...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Avós... nossos segundos pais


Li na revista online http://paisefilhos.pt um artigo que se intitula: "Avós para sempre".

Interessante e verdadeiro. Basicamente fala de amargos cenários onde as ligações afetuosas entre netos e avós são afetadas com a separação dos casais. Logo no início lê-se que "quando uma mãe ou um pai dificultam até ao infinito a relação do filho ou dos filhos com o anterior companheiro, os pais deste têm ainda mais dificuldades em manter contacto com o neto ou os netos".

Ora então, até 1995, a legislação portuguesa não dava quaisquer direitos aos avós, no caso de separação ou morte dos pais. A partir daí, estabeleceram-se dois princípios: o de relacionamento com o neto, dividido entre a relação pessoal propriamente dita e as informações sobre a vida do menor; e o do direito da criança a conviver com os avós, como forma de desenvolvimento da sua personalidade e identidade.

Assim sendo, para Luís Silva, especialista em Direito da Família, "sendo certo que a lei não permite aos avós sobreporem-se aos pais – desde que estes facilitem o contacto com os netos –, existem boas razões para lutar quando isso não acontece".

O terapeuta familiar José Carlos Garrucho vai mais longe e afirma que "perante situações de afrontamento que têm no centro crianças,  tanto os pais como avós não têm direitos, têm obrigações". Para ele "todas as coisas têm o seu tempo e esse tempo edifica pessoas diferentes. Até aos cinco anos, as crianças constroem grande parte da forma de enfrentar o mundo, as suas capacidades de coragem e resiliência. Não permitir aos adultos – sejam eles pais, avós ou outros – que contribuam para esse processo significa empobrecê-lo de forma irremediável", remata.



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Lamentável




O futuro aguarda milagres mas os fins não justificam os meios. Especialmente quando esses meios usam o maior medo que um pai e uma mãe podem ter na vida! 

Há estudos que comprovam que guardar as células estaminais não é um processo viável pois as anomalias/mutações que levam ao surgimento da doença já estão presentes no sangue do cordão umbilical.

Factos e números provam que, na realidade, na maior parte das vezes, as próprias células do doente não servem para o curar. Esta empresa, tal como outras do género, promovem e justificam através de bases científicas pouco credíveis algo que, de certa forma, poderá não ser aplicável a todos os casos de saúde que possam aparecer durante o crescimento de uma criança. Foram estas as informações que recolhi há cerca de 2 anos e meio atrás e acreditem que li muito sobre o assunto.

Sendo isto certo ou não, a verdade é que este devia ser um direito das crianças, sejam elas pobres ou ricas. E na Crioestaminal só os filhos de pais com possibilidades financeiras podem, um dia, ser salvos!
A postura de uma empresa que foi pioneira a nível nacional nesta matéria deveria, a meu ver, passar por mensagens com responsabilidade social, científica e, acima de tudo, moral.

Este é um dos motivos pelo qual todos devíamos fazer doação para o banco público e ajudar o filho de alguém para alguém poder ajudar o nosso! Infelizmente quando a Xuxu nasceu, o banco público não existia. A opção de não as recolher para qualquer uma destas empresas foi uma opção consciente, fundamentada. Não me sinto pior mãe por isso. Lamento mas a Crioestaminal não conseguirá fazer-me pensar o contrário nem despertar em mim sentimentos de culpa com publicidades que fazem chantagem emocional.

Prós e contras



Esta é a capa da Time que está a provocar polémica em todo o mundo. Uns protestam contra a fotografia porque a criança é muito crescida. Outros queixam-se que o título "É uma mãe suficientemente boa?" culpabiliza as mães que não querem amamentar ou que o fazem durante pouco tempo.

Afinal de contas, que atos podem ser condenáveis quando são praticados dentro de quatro paredes, desde que não prejudiquem física e psicologicamente alguém?

Por outro lado, de cada vez que olho a fotografia penso que tipo de criança poderá vir a ser esta. Será que tal ato, que parece tão inofensivo, terá efeitos negativos na personalidade do bebé?

Uma coisa é certa. Amamentar até tarde não faz uma mãe mais dedicada do que a que amamenta apenas 6 meses. Segundo o que sei sobre amamentação, uma amamentação tardia não acrescenta qualquer benefício na saúde da criança, podendo-a mesmo tornar dependente e infantilizada. O vínculo mãe-filho também não ficará, certamente, mais fortalecido.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os ponteiros da vida


"Não há nada mais triste que uma casa às três da tarde".  A frase é de um livro de que li em tempos e recordo-me dela quase todos os fins de semana. Quando chega a hora de a Xuxu dormir a sesta e o sol entra bem de frente nas traseiras da casa, o silêncio aumenta de volume e penso que, de facto, não há nada mais triste que uma casa às três da tarde.

Felizmente, as três da tarde passam rapidamente às cinco da tarde. E a casa inunda-se de cânticos, migalhas no chão, palmas, correrias e sons provenientes de brinquedos com pilhas. Tenho pena de quem vive todos os dias, todo o dia, com os ponteiros da vida marcando sempre três da tarde.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Para mais tarde recordar



O tempo passa mas há momentos que ficam para sempre. Alguns mantêm-se na memória, outros esquecem-se e são lembrados com a ajuda de fotografias. Este é um deles... Hoje sei que tive a maior sorte do mundo em ter tido a Professora Primária que tive. O 1º ciclo é, sem dúvida alguma, a base de todo o nosso percurso escolar. Obrigada irmã Dulcina. Obrigada Pai e Mãe pela escolha.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Às quatro de cada vez!



A adaptação do nosso corpo e mente à idade que vamos tendo é fascinante. Tenho pensado muito nisso, no quanto mudam as nossas prioridades à medida que os anos vão avançando.

Na semana passada fui visitar a minha avó paterna. Está "velhinha" e nem sempre me reconhece. Tem os seus momentos... Desta última vez,  levei comigo a Xuxu e quando a minha Mãe entrou no quarto onde já estávamos as três, foi marcante a presença de quatro gerações, ligadas por sangue no mesmo espaço físico.

A minha Mãe, já na meia-idade (como lhe costumam chamar), está cada vez mais bonita. As rugas no seu rosto estão mais acentuadas mas os meus olhos vêem-no com mais ternura.

Sempre que olho para Ela, lembro-me de ter lido uma vez que entre uma mãe e uma filha há muitos mundos... O da paixão, da amizade, da continuidade, da ilusão de que não há limites de compreensão, nem de amor, do conflito, da dependência...

Na minha adolescência, a minha mãe era nova. Bastante mais nova do que eu serei quando a minha filha passar por essa fase. Já eu estarei na meia-idade, nessa altura difícil em que terei que aceitar que a minha Xuxu não cabe mais na palma da minha mão! Nessa altura, a da meia-idade, certamente que já não criticarei a geração mais velha mas sim a geração mais nova. Um perfeito e indubitável indício da passagem dos anos.

Irei lembrar-me, espero, que, geralmente, quando uma filha se queixa da mãe é porque ela é boa mãe, é porque se preocupa. Eu queixava-me da minha. Agora sei que as queixas de uma filha em relação à mãe têm quase sempre uma função importantíssima: ajudar a filha a desprender-se da mãe. Fase difícil esta... mas foi esta fase que fez de mim o que sou hoje e o que serei para a minha Xuxu. Irei oferecer à minha filha o que herdei da minha Mãe e o que adquiri ao longo da vida. E, por todos os motivos, sei que será uma boa herança.

Quando percebi que estávamos ali, as quatro, pensei no tempo que falta para a minha mãe ocupar o "lugar" da minha avó, eu o da minha mãe e a minha filha o meu. E felizes seremos se o ciclo se mantiver. E que gerações futuras se encontrem, às quatro de cada vez, no mesmo quarto, inúmeras e inúmeras vezes.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Disciplina ajuda crianças a sentirem-se seguras e amadas


Algumas crianças demonstram, desde muito cedo, a sua personalidade. Há as que discutem e se debatem por tudo e mais alguma coisa e há as que cedem quase sempre, ouvindo todas as explicações que facilmente percebem.


Por volta dos 3 anos de idade começa, geralmente, a fase em que os mais pequenos gostam e precisam marcar a sua posição no mundo. É, então, o momento de começar o processo de disciplina, propriamente dito. Digo isto pois considero que as crianças percebem o que as rodeia muito antes dos 3 anos e, como tal, para mim, este processo deve começar bem mais cedo.

A maioria das crianças não consegue ficar parada muito tempo e mexe em quase tudo o que vê. Isso é normal, é curiosidade própria da idade. No entanto, se mexem em algo ou fazem algo que não devem depois de serem advertidos a não o fazer, ou seja, por desobediência a uma ordem, isso já é indisciplina.

Um filho tem que obedecer aos pais, percebendo porque o tem que fazer. O castigo, a par do diálogo são fundamentais na hora de mostrar quem dita as regras.

A minha Xuxu está quase a fazer 3 anos. Insere-se no "grupo" das crianças que ouvem o que digo, mantendo-se atenta a tudo o que a rodeia, compreendendo facilmente aquilo que pode ou não fazer.  Mas também faz asneiras, felizmente.

Fala muito em castigo. Sei que é porque vê as auxiliares colocarem de castigo alguns colegas da sua sala. Ela também já lá esteve. E, em casa, coloca as bonecas de castigo no escritório. Não sei porque se lembrou do escritório mas elegeu, ela própria, o local do castigo lá de casa.

Tenho lido sobre o assunto. Sei que o local do castigo não deve nunca ser o quarto da criança. O castigo, cujo motivo deve ser explicado no momento em que é aplicado, deve durar 1 minuto por cada ano de idade. Se a criança sair do castigo antes do tempo, devemos voltar com ela e explicar, de novo, o motivo. Se a criança voltar a sair, devemos pegar-lhe na mão e levá-la de volta ao local sem falar. Devemos fazê-lo quantas vezes for necessário. No final, devemos ir ter com ela e perguntar se sabe porque ficou de castigo. Devemos conversar.

Devemos abaixar-nos sempre quando falamos, de forma a conseguirmos olhar nos olhos. Mostrar que estamos lá, dispostos a ajudar a perceber o que se passa. Um abraço finalizará o momento.

Firmeza e determinação da parte dos pais ajudam os mais pequenos a cumprir com o que lhes é exigido. Apenas não podemos cair no erro de banalizar o castigo, usando-o por qualquer motivo.

Há quem defenda que disciplina começa desde o berço. Pode haver quem discorde, mas eu acho que não anda muito longe disso. Uma coisa é certa. As crianças precisam dela para se sentirem seguras, amadas e amparadas.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Turmas com mais alunos no próximo ano


Foi publicado, em Diário da República, um despacho do Ministério da Educação e Ciência que determina que, do 5.º ao 12.º ano, o número máximo de alunos de turma passará a ser de 30 em vez dos 28 atuais. Para a constituição de turmas será necessário ainda um número mínimo de 26 alunos. Até agora eram 24.

No caso do 1º ciclo, em Agosto passado, o MEC já tinha aumentado de 24 para 26 o número máximo de alunos por turma. A justificação deveu-se ao aumento de matrículas” neste nível de escolaridade.

De acordo com o jornal Público, o despacho confirma ainda a possibilidade de, no ensino básico, os pais poderem escolher a escola dos seus filhos independentemente de qual seja o seu local de residência. As vagas existentes nas escolas continuarão, apesar disso, a ser distribuídas como até agora, tendo prioridade os alunos com necessidades educativas especiais, os que têm irmãos matriculados no agrupamento e aqueles cujos pais residam ou trabalhem na área de influência da escola.


A Federação Nacional de Professores já reagiu afirmando que "os governantes devem estar loucos". Numa nota enviada à comunicação social, a Fenprof lembra os índices "muito elevados" de insucesso dos alunos portugueses e classifica o aumento do número de alunos por turma como um "atentado à qualidade de ensino".

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Para ler e reter


Não resisto em partilhar algumas ideias que o psicólogo Eduardo Sá apresentou, numa das últimas palestras em que participou, no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro. No âmbito do tema "Envolvimento Parental na Escola", o especialista começou por dizer que "a atual educação estraga as crianças".

O conferencista afirmou que "a estrutura tecnocrática, em que se transformou a educação, faz mal" e criticou o furor da formação técnica e científica que levou ao esquecimento de que "o melhor do mundo não é a escola mas as pessoas e, em particular, as relações familiares". "Estamos a criar uma mole de licenciados e de mestres aos 23 anos que esperamos que sejam ídolos antes dos 30 e o fundamental não é isso", "...estamos a exigir aos nossos filhos que sejam iguais a nós: que ponham o trabalho à frente de tudo o resto esquecendo-nos de brincar com eles", ressalvou.

Eduardo Sá lembrou que "a vida não acaba aos 17 anos com a entrada no ensino superior e que só os alunos que tiveram pelo menos uma negativa no seu percurso educativo é que deviam entrar no ensino superior porque estamos a criar uma geração de pessoas imunodeprimidas".

O psicólogo acha fundamental que tenhamos a coragem, a ousadia e a verticalidade de dizer que a maior parte das pessoas se sente mal-amada e acha fundamental explicar aos nossos filhos que "é mentira que acertemos no amor à primeira e que é notável aquilo que se passa dentro do nosso coração". Afirmou, então, que "devia ser proibido dizermos aos nossos filhos que se deve casar para sempre". Segundo ele, "sempre que namoramos mais um bocadinho, casamo-nos mais um pouco e sempre que deixamos de namorar, divorciamo-nos em suaves prestações".

Eduardo Sá considera que o casamento é tão sagrado como frágil. "É uma experiência sagrada porque duas pessoas que decidem comungar-se é uma experiência tão preciosa que é sagrada. Mas é frágil porque, às vezes, os pais estão tão preocupados com a educação dos filhos que se esquecem de namorar todos os dias". E para ele, tal como para mim, "pais mal-amados tornam-se piores pais". É, por isso, fundamental que "a relação amorosa dos pais esteja em primeiro lugar, antes da relação dos pais com as crianças".

Eduardo Sá defendeu que as crianças devem sair o mais tarde possível de casa e que os jardins de infância deviam ser gratuitos para todos, não comprendendo "como é que a educação infantil e o ensino obrigatório não são a mesma coisa". O psicólogo mostrou-se a favor de jardins de infância onde as crianças brinquem e ouçam e contem histórias, tenham educação física, musical e visual.

O orador disse ainda não achar que "mais escola seja melhor escola", criticando os blocos de aulas de 90 minutos porque aulas expositivas daquela duração são amigas dos défices de atenção e 10 minutos de intervalo não chegam para desanuviar. "Quanto mais as crianças puderem brincar, mais sucesso escolar têm", defendeu.

Por fim, acrescentou que "os pais estão autorizados a ser vaidosos com os filhos mas proibidos de querer criar jovens tecnocratas de fraldas". "Devia ser proibido que as crianças saíssem do jardim de infância a saber ler e escrever", advertiu.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Obrigada amor!

Há dias que são bem passados. Passam tão bem que mesmo sendo uns quantos, passam rápido demais. E deixam saudades. Estes cinco últimos foram desses dias. Desses dias em que acordamos ao lado de quem nos deitamos... de manhã e de tarde. Desses dias em que o tempo sobra mesmo depois de o termos gasto a limpar a casa. Desses dias em que nada está planeado e tudo corre como se estivesse. Cada um destes dias fez dos cinco um momento único e inesquecível. Que bom podermos todos estar presentes para os recordar. Assim a vida faz sentido. Faz sentido quando o sentido é percorrido a três. Dias assim deixam saudade mas não fazem pena quando acabam. Porque são dias mesmo bem passados.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Xadrez permite aumentar QI


Os jogos, de tabuleiro ou não, ajudam na integração social, na organização do pensamento, no desenvolvimento psicológico e, como tal, são fundamentais na formação do caráter dos seus jogadores. O xadrez é um dos melhores e está agora provado que permite aumentar o QI e o desempenho escolar dos estudantes.
Segundo Charles Partos, mestre internacional suíço, o aprendizado e a prática do xadrez desenvolvem as seguintes habilidades:

  • a atenção e a concentração;
  • o julgamento e o planeamento;
  • a imaginação e a antecipação;
  • a memória;
  • a vontade de vencer, a paciência e o autocontrolo;
  • o espírito de decisão e a coragem;
  • a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético;
  • a criatividade;
  • a inteligência;
  • a organização metódica do estudo;
  • o interesse pelas línguas estrangeiras.

Nos países em que é adotado como disciplina curricular, o xadrez tem demonstrado ser tão importante como as disciplinas artísticas ou científicas: enquanto desporto desenvolve habilidades, enquanto arte estimula a imaginação e enquanto ciência exige a elaboração de cálculos precisos. Na Roménia, por exemplo, o xadrez é disciplina escolar obrigatória e as notas em Matemática dependem em 33% do desempenho deste jogo.

Apresentando uma vertente que pende para a arte e outra para a ciência, o xadrez traz comprovados benefícios intelectuais aos seus praticantes. Bruno Pais, professor e presidente da Secção de Xadrez da Associação Académica de Coimbra, salientou, numa ação de formação que dirigiu a professores e educadores em Março passado, a importância desta prática no processo de ensino e defendeu a sua introdução no ensino superior "como disciplina opcional à semelhança daquilo que se faz nos Estados Unidos ou na Rússia". No entanto, para o especialista, o ideal mesmo é "começar a prática do xadrez numa idade tenra".

E porque este é, sem dúvida alguma, um jogo fantástico deixo algumas curiosidades que valem a pena conhecer:

- Cálculos matemáticos estabelecem que o Rei, partindo da sua casa inicial (e1), e seguindo o caminho mais curto (em 7 lances), pode atingir a oitava casa (e8) de 393 modos diferentes.

- O Xadrez, a Música e a Matemática são os únicos setores da atividade humana em que se conhecem casos de crianças prodígio.

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Mattel fica-se pelas palavras, a MGA Entertainment põe-nas em prática





Brinquei muito com Barbies. Gosto destas bonecas e ainda hoje me era capaz de perder num qualquer hipermercado a escolher a Barbie mais vistosa, a que tem o cabelo mais longo e o vestido mais requintado. No entanto, se visse esta sem cabelo não iria ficar abalada ou, sequer, intrigada.

A ideia de Jane Bingham e Rebecca Sypin, das norte-americanas que lançaram, em Janeiro, uma página no Facebook "Beautiful and Bald Barbie", que apela à criação de uma Barbie "linda e careca" é, simplesmente, brilhante. A iniciativa já conseguiu alcançar 150 mil fãs e eu prezo-me de ser um deles.

A Mattel emitiu, entretanto, um comunicado, onde não exclui, mas também não confirma, a hipótese de aceitar o pedido de criar uma Barbie careca. O objectivo da campanha, de ajudar crianças que tenham perdido o cabelo devido a tratamentos de cancro ou alopécia, honra a empresa fabricante que acrescenta que "agradece e respeita a paixão reunida no pedido de a Barbie ser o rosto de uma causa tão importante".

A Mattel fica-se pelas palavras, a MGA Entertainment põe-nas em prática. A ideia inspirou os criadores das Bratz a produzir seis bonecos sem cabelo que estarão à venda, em exclusivo,  na Toys R Us a partir de Junho.




A iniciativa está em destaque nas páginas das bonecas Bratz e Moxie Girlz, onde se dão a conhecer as primeiras imagens da futura colecção "True Hope" ("Verdadeira Esperança"). Os rapazes também não foram esquecidos, com a colecção a incluir dois bonecos carecas: Cameron e Jaxson. Por cada venda, a empresa faz um donativo ao centro de ajuda a doentes com cancro City of Hope, que investiga novas formas de cura da doença.