sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os ponteiros da vida


"Não há nada mais triste que uma casa às três da tarde".  A frase é de um livro de que li em tempos e recordo-me dela quase todos os fins de semana. Quando chega a hora de a Xuxu dormir a sesta e o sol entra bem de frente nas traseiras da casa, o silêncio aumenta de volume e penso que, de facto, não há nada mais triste que uma casa às três da tarde.

Felizmente, as três da tarde passam rapidamente às cinco da tarde. E a casa inunda-se de cânticos, migalhas no chão, palmas, correrias e sons provenientes de brinquedos com pilhas. Tenho pena de quem vive todos os dias, todo o dia, com os ponteiros da vida marcando sempre três da tarde.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Para mais tarde recordar



O tempo passa mas há momentos que ficam para sempre. Alguns mantêm-se na memória, outros esquecem-se e são lembrados com a ajuda de fotografias. Este é um deles... Hoje sei que tive a maior sorte do mundo em ter tido a Professora Primária que tive. O 1º ciclo é, sem dúvida alguma, a base de todo o nosso percurso escolar. Obrigada irmã Dulcina. Obrigada Pai e Mãe pela escolha.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Às quatro de cada vez!



A adaptação do nosso corpo e mente à idade que vamos tendo é fascinante. Tenho pensado muito nisso, no quanto mudam as nossas prioridades à medida que os anos vão avançando.

Na semana passada fui visitar a minha avó paterna. Está "velhinha" e nem sempre me reconhece. Tem os seus momentos... Desta última vez,  levei comigo a Xuxu e quando a minha Mãe entrou no quarto onde já estávamos as três, foi marcante a presença de quatro gerações, ligadas por sangue no mesmo espaço físico.

A minha Mãe, já na meia-idade (como lhe costumam chamar), está cada vez mais bonita. As rugas no seu rosto estão mais acentuadas mas os meus olhos vêem-no com mais ternura.

Sempre que olho para Ela, lembro-me de ter lido uma vez que entre uma mãe e uma filha há muitos mundos... O da paixão, da amizade, da continuidade, da ilusão de que não há limites de compreensão, nem de amor, do conflito, da dependência...

Na minha adolescência, a minha mãe era nova. Bastante mais nova do que eu serei quando a minha filha passar por essa fase. Já eu estarei na meia-idade, nessa altura difícil em que terei que aceitar que a minha Xuxu não cabe mais na palma da minha mão! Nessa altura, a da meia-idade, certamente que já não criticarei a geração mais velha mas sim a geração mais nova. Um perfeito e indubitável indício da passagem dos anos.

Irei lembrar-me, espero, que, geralmente, quando uma filha se queixa da mãe é porque ela é boa mãe, é porque se preocupa. Eu queixava-me da minha. Agora sei que as queixas de uma filha em relação à mãe têm quase sempre uma função importantíssima: ajudar a filha a desprender-se da mãe. Fase difícil esta... mas foi esta fase que fez de mim o que sou hoje e o que serei para a minha Xuxu. Irei oferecer à minha filha o que herdei da minha Mãe e o que adquiri ao longo da vida. E, por todos os motivos, sei que será uma boa herança.

Quando percebi que estávamos ali, as quatro, pensei no tempo que falta para a minha mãe ocupar o "lugar" da minha avó, eu o da minha mãe e a minha filha o meu. E felizes seremos se o ciclo se mantiver. E que gerações futuras se encontrem, às quatro de cada vez, no mesmo quarto, inúmeras e inúmeras vezes.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Disciplina ajuda crianças a sentirem-se seguras e amadas


Algumas crianças demonstram, desde muito cedo, a sua personalidade. Há as que discutem e se debatem por tudo e mais alguma coisa e há as que cedem quase sempre, ouvindo todas as explicações que facilmente percebem.


Por volta dos 3 anos de idade começa, geralmente, a fase em que os mais pequenos gostam e precisam marcar a sua posição no mundo. É, então, o momento de começar o processo de disciplina, propriamente dito. Digo isto pois considero que as crianças percebem o que as rodeia muito antes dos 3 anos e, como tal, para mim, este processo deve começar bem mais cedo.

A maioria das crianças não consegue ficar parada muito tempo e mexe em quase tudo o que vê. Isso é normal, é curiosidade própria da idade. No entanto, se mexem em algo ou fazem algo que não devem depois de serem advertidos a não o fazer, ou seja, por desobediência a uma ordem, isso já é indisciplina.

Um filho tem que obedecer aos pais, percebendo porque o tem que fazer. O castigo, a par do diálogo são fundamentais na hora de mostrar quem dita as regras.

A minha Xuxu está quase a fazer 3 anos. Insere-se no "grupo" das crianças que ouvem o que digo, mantendo-se atenta a tudo o que a rodeia, compreendendo facilmente aquilo que pode ou não fazer.  Mas também faz asneiras, felizmente.

Fala muito em castigo. Sei que é porque vê as auxiliares colocarem de castigo alguns colegas da sua sala. Ela também já lá esteve. E, em casa, coloca as bonecas de castigo no escritório. Não sei porque se lembrou do escritório mas elegeu, ela própria, o local do castigo lá de casa.

Tenho lido sobre o assunto. Sei que o local do castigo não deve nunca ser o quarto da criança. O castigo, cujo motivo deve ser explicado no momento em que é aplicado, deve durar 1 minuto por cada ano de idade. Se a criança sair do castigo antes do tempo, devemos voltar com ela e explicar, de novo, o motivo. Se a criança voltar a sair, devemos pegar-lhe na mão e levá-la de volta ao local sem falar. Devemos fazê-lo quantas vezes for necessário. No final, devemos ir ter com ela e perguntar se sabe porque ficou de castigo. Devemos conversar.

Devemos abaixar-nos sempre quando falamos, de forma a conseguirmos olhar nos olhos. Mostrar que estamos lá, dispostos a ajudar a perceber o que se passa. Um abraço finalizará o momento.

Firmeza e determinação da parte dos pais ajudam os mais pequenos a cumprir com o que lhes é exigido. Apenas não podemos cair no erro de banalizar o castigo, usando-o por qualquer motivo.

Há quem defenda que disciplina começa desde o berço. Pode haver quem discorde, mas eu acho que não anda muito longe disso. Uma coisa é certa. As crianças precisam dela para se sentirem seguras, amadas e amparadas.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Turmas com mais alunos no próximo ano


Foi publicado, em Diário da República, um despacho do Ministério da Educação e Ciência que determina que, do 5.º ao 12.º ano, o número máximo de alunos de turma passará a ser de 30 em vez dos 28 atuais. Para a constituição de turmas será necessário ainda um número mínimo de 26 alunos. Até agora eram 24.

No caso do 1º ciclo, em Agosto passado, o MEC já tinha aumentado de 24 para 26 o número máximo de alunos por turma. A justificação deveu-se ao aumento de matrículas” neste nível de escolaridade.

De acordo com o jornal Público, o despacho confirma ainda a possibilidade de, no ensino básico, os pais poderem escolher a escola dos seus filhos independentemente de qual seja o seu local de residência. As vagas existentes nas escolas continuarão, apesar disso, a ser distribuídas como até agora, tendo prioridade os alunos com necessidades educativas especiais, os que têm irmãos matriculados no agrupamento e aqueles cujos pais residam ou trabalhem na área de influência da escola.


A Federação Nacional de Professores já reagiu afirmando que "os governantes devem estar loucos". Numa nota enviada à comunicação social, a Fenprof lembra os índices "muito elevados" de insucesso dos alunos portugueses e classifica o aumento do número de alunos por turma como um "atentado à qualidade de ensino".

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Para ler e reter


Não resisto em partilhar algumas ideias que o psicólogo Eduardo Sá apresentou, numa das últimas palestras em que participou, no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro. No âmbito do tema "Envolvimento Parental na Escola", o especialista começou por dizer que "a atual educação estraga as crianças".

O conferencista afirmou que "a estrutura tecnocrática, em que se transformou a educação, faz mal" e criticou o furor da formação técnica e científica que levou ao esquecimento de que "o melhor do mundo não é a escola mas as pessoas e, em particular, as relações familiares". "Estamos a criar uma mole de licenciados e de mestres aos 23 anos que esperamos que sejam ídolos antes dos 30 e o fundamental não é isso", "...estamos a exigir aos nossos filhos que sejam iguais a nós: que ponham o trabalho à frente de tudo o resto esquecendo-nos de brincar com eles", ressalvou.

Eduardo Sá lembrou que "a vida não acaba aos 17 anos com a entrada no ensino superior e que só os alunos que tiveram pelo menos uma negativa no seu percurso educativo é que deviam entrar no ensino superior porque estamos a criar uma geração de pessoas imunodeprimidas".

O psicólogo acha fundamental que tenhamos a coragem, a ousadia e a verticalidade de dizer que a maior parte das pessoas se sente mal-amada e acha fundamental explicar aos nossos filhos que "é mentira que acertemos no amor à primeira e que é notável aquilo que se passa dentro do nosso coração". Afirmou, então, que "devia ser proibido dizermos aos nossos filhos que se deve casar para sempre". Segundo ele, "sempre que namoramos mais um bocadinho, casamo-nos mais um pouco e sempre que deixamos de namorar, divorciamo-nos em suaves prestações".

Eduardo Sá considera que o casamento é tão sagrado como frágil. "É uma experiência sagrada porque duas pessoas que decidem comungar-se é uma experiência tão preciosa que é sagrada. Mas é frágil porque, às vezes, os pais estão tão preocupados com a educação dos filhos que se esquecem de namorar todos os dias". E para ele, tal como para mim, "pais mal-amados tornam-se piores pais". É, por isso, fundamental que "a relação amorosa dos pais esteja em primeiro lugar, antes da relação dos pais com as crianças".

Eduardo Sá defendeu que as crianças devem sair o mais tarde possível de casa e que os jardins de infância deviam ser gratuitos para todos, não comprendendo "como é que a educação infantil e o ensino obrigatório não são a mesma coisa". O psicólogo mostrou-se a favor de jardins de infância onde as crianças brinquem e ouçam e contem histórias, tenham educação física, musical e visual.

O orador disse ainda não achar que "mais escola seja melhor escola", criticando os blocos de aulas de 90 minutos porque aulas expositivas daquela duração são amigas dos défices de atenção e 10 minutos de intervalo não chegam para desanuviar. "Quanto mais as crianças puderem brincar, mais sucesso escolar têm", defendeu.

Por fim, acrescentou que "os pais estão autorizados a ser vaidosos com os filhos mas proibidos de querer criar jovens tecnocratas de fraldas". "Devia ser proibido que as crianças saíssem do jardim de infância a saber ler e escrever", advertiu.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Obrigada amor!

Há dias que são bem passados. Passam tão bem que mesmo sendo uns quantos, passam rápido demais. E deixam saudades. Estes cinco últimos foram desses dias. Desses dias em que acordamos ao lado de quem nos deitamos... de manhã e de tarde. Desses dias em que o tempo sobra mesmo depois de o termos gasto a limpar a casa. Desses dias em que nada está planeado e tudo corre como se estivesse. Cada um destes dias fez dos cinco um momento único e inesquecível. Que bom podermos todos estar presentes para os recordar. Assim a vida faz sentido. Faz sentido quando o sentido é percorrido a três. Dias assim deixam saudade mas não fazem pena quando acabam. Porque são dias mesmo bem passados.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Xadrez permite aumentar QI


Os jogos, de tabuleiro ou não, ajudam na integração social, na organização do pensamento, no desenvolvimento psicológico e, como tal, são fundamentais na formação do caráter dos seus jogadores. O xadrez é um dos melhores e está agora provado que permite aumentar o QI e o desempenho escolar dos estudantes.
Segundo Charles Partos, mestre internacional suíço, o aprendizado e a prática do xadrez desenvolvem as seguintes habilidades:

  • a atenção e a concentração;
  • o julgamento e o planeamento;
  • a imaginação e a antecipação;
  • a memória;
  • a vontade de vencer, a paciência e o autocontrolo;
  • o espírito de decisão e a coragem;
  • a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético;
  • a criatividade;
  • a inteligência;
  • a organização metódica do estudo;
  • o interesse pelas línguas estrangeiras.

Nos países em que é adotado como disciplina curricular, o xadrez tem demonstrado ser tão importante como as disciplinas artísticas ou científicas: enquanto desporto desenvolve habilidades, enquanto arte estimula a imaginação e enquanto ciência exige a elaboração de cálculos precisos. Na Roménia, por exemplo, o xadrez é disciplina escolar obrigatória e as notas em Matemática dependem em 33% do desempenho deste jogo.

Apresentando uma vertente que pende para a arte e outra para a ciência, o xadrez traz comprovados benefícios intelectuais aos seus praticantes. Bruno Pais, professor e presidente da Secção de Xadrez da Associação Académica de Coimbra, salientou, numa ação de formação que dirigiu a professores e educadores em Março passado, a importância desta prática no processo de ensino e defendeu a sua introdução no ensino superior "como disciplina opcional à semelhança daquilo que se faz nos Estados Unidos ou na Rússia". No entanto, para o especialista, o ideal mesmo é "começar a prática do xadrez numa idade tenra".

E porque este é, sem dúvida alguma, um jogo fantástico deixo algumas curiosidades que valem a pena conhecer:

- Cálculos matemáticos estabelecem que o Rei, partindo da sua casa inicial (e1), e seguindo o caminho mais curto (em 7 lances), pode atingir a oitava casa (e8) de 393 modos diferentes.

- O Xadrez, a Música e a Matemática são os únicos setores da atividade humana em que se conhecem casos de crianças prodígio.

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Mattel fica-se pelas palavras, a MGA Entertainment põe-nas em prática





Brinquei muito com Barbies. Gosto destas bonecas e ainda hoje me era capaz de perder num qualquer hipermercado a escolher a Barbie mais vistosa, a que tem o cabelo mais longo e o vestido mais requintado. No entanto, se visse esta sem cabelo não iria ficar abalada ou, sequer, intrigada.

A ideia de Jane Bingham e Rebecca Sypin, das norte-americanas que lançaram, em Janeiro, uma página no Facebook "Beautiful and Bald Barbie", que apela à criação de uma Barbie "linda e careca" é, simplesmente, brilhante. A iniciativa já conseguiu alcançar 150 mil fãs e eu prezo-me de ser um deles.

A Mattel emitiu, entretanto, um comunicado, onde não exclui, mas também não confirma, a hipótese de aceitar o pedido de criar uma Barbie careca. O objectivo da campanha, de ajudar crianças que tenham perdido o cabelo devido a tratamentos de cancro ou alopécia, honra a empresa fabricante que acrescenta que "agradece e respeita a paixão reunida no pedido de a Barbie ser o rosto de uma causa tão importante".

A Mattel fica-se pelas palavras, a MGA Entertainment põe-nas em prática. A ideia inspirou os criadores das Bratz a produzir seis bonecos sem cabelo que estarão à venda, em exclusivo,  na Toys R Us a partir de Junho.




A iniciativa está em destaque nas páginas das bonecas Bratz e Moxie Girlz, onde se dão a conhecer as primeiras imagens da futura colecção "True Hope" ("Verdadeira Esperança"). Os rapazes também não foram esquecidos, com a colecção a incluir dois bonecos carecas: Cameron e Jaxson. Por cada venda, a empresa faz um donativo ao centro de ajuda a doentes com cancro City of Hope, que investiga novas formas de cura da doença.