Quem tem filhos sabe do que falo. Em Portugal, a publicidade dirigida aos mais pequenos é regulamentada mas devia sequer existir?
O Comité Económico e Social Europeu (CESE), um órgão consultivo da União Europeia, está a preparar um parecer que sugere a proibição da publicidade protagonizada e dirigida a crianças nos suportes de televisão e imprensa generalista. «O objectivo intermédio é proibir a publicidade com violência em programas infantis e a erotização precoce das crianças na publicidade, bem como os anúncios de produtos que fazem mal à saúde», disse Jorge Pegado Liz, membro do CESE e relator do parecer.
É sabido que no público infantil, a capacidade de diferenciação entre realidade e ficção está em formação, pois a criança encontra-se em processo de desenvolvimento biofísico e psíquico. Há, sobre esta matéria, inúmeros estudos que evidenciam que, antes dos 8 anos, a criança não tem capacidade de reconhecer o caráter persuasivo da publicidade e que apenas aos 12 anos é capaz de construir uma postura mais crítica. E é assim que a Suécia, a Noruega e a Áustria justificam a proibição de publicidade a menores de 12 anos. Na Grécia, pelo contrário, não existe qualquer regulamentação. Em Portugal, o problema não reside tanto na inexistência de regulamentação, mas na incapacidade de fazer cumprir a lei, de acordo com os especialistas.
Os marketeers vêem as crianças como consumidores porque, apesar de não terem efetivamente, poder de compra levam os pais a comprar. Vários especialistas em Nutrição tentam, há anos, apelar à Comissão Europeia para a adoção de legislação que restrinja ou proíba a publicidade a alimentos durante os programas televisivos dedicados às crianças e jovens. A endocrinologista portuguesa Isabel do Carmo alega que há casos em que é difícil definir os produtos e por isso é tão difícil a adoção de legislação. Para a especialista, no caso dos produtos lácteos, a publicidade a iogurtes, por exemplo, é complicada porque "muitos deles são cheios de açúcar e com alegações de saúde erradas".
Cabe-nos, assim, a nós pais tentar elucidar os nossos pequeninos sobre o que se deve ou não comer, sobre o que se deve ou não ver na TV.
Cabe-nos, assim, a nós pais tentar elucidar os nossos pequeninos sobre o que se deve ou não comer, sobre o que se deve ou não ver na TV.
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