A Organização Mundial de Saúde recomenda que se privilegie o aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida.
Mas a decisão de amamentar, se não é difícil de tomar, pode ser difícil de concretizar. Para mim foi. Esbarrei com dificuldades reais quando amamentei e posso hoje dizer que o apoio dos profissionais de saúde e dos que nos são mais próximos são essenciais para que consigamos ultrapassá-las.
O aleitamento materno é uma capacidade que se aprende. Eu aprendi com o que lia, com as voluntárias do SOS Amamentação, com a enfermeira Isabel, com quem me rodeava. Um pai não nasce pai, torna-se pai. Uma mãe não nasce mãe, torna-se mãe. O comprometimento e a dedicação ao recém-nascido torna mais fácil a criação de laços e amamentar fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho.
O pai não está, no entanto, excluído deste processo. Apesar de, na maioria das vezes, sentir estar. O pai deve tomar atenção a vários fatores que podem contribuir ou afetar negativamente a amamentação. O pai deve dar apoio à mãe, tanto afetivamente quanto nos cuidados com o bebé e com a casa. O seu papel é crucial e o seu apoio faz a diferença entre o sucesso da amamentação ou o seu fracasso. Este apoio é ainda mais importante quando se trata do primeiro filho. Tenho a certeza que se agora tivesse outro bebé, não sentiria metade das dúvidas e dificuldades.
Falo sobre a amamentação porque hoje o meu dia ficou ainda mais cinzento. Ontem tive uma discussão que quase acabava mal com uma louca no metro. Fiquei triste mas não tanto como hoje ao saber que há mulheres que pensam que os bebés portadores de Síndrome de Down não podem ser amamentados. Como é isto possível?
Quero aqui dizer que os bebés que sofrem de Trissomia 21 são aquilo a que se chama “mais moles” porque não têm tanta força muscular na boca e, por isso, apresentam grandes dificuldades iniciais com o aleitamento materno. Mas é só preciso mais tempo e paciência até se conseguir eficácia a mamar. A mãe deve segurar simultaneamente a mama e o queixo do bebé, por baixo, com a mão em concha (ou U), ajudando a apoiar o maxilar inferior e permitindo que o bebé mame melhor. A minha filha é muito saudável e eu passei horas e horas, suei e fiz suar enfermeiras, até ela aprender a mamar. Valeu cada minuto, cada gota de suor.
Amamentar o bebê com Síndrome de Down é extremamente importante! Funciona até como uma verdadeira terapia! O esforço para sugar o seio materno, a posição da língua durante a sucção, a coordenação entre o respirar e deglutir o leite, serão cruciais para que o bebé cresça com menos tendência a permanecer com a língua protrusa e tenha mais facilidade em coordenar a fala e regularizar a respiração. E tudo o que é preciso é tempo e paciência.
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